Precisamos falar em prevenção. Quem é que não conhece alguém que se suicidou, quem é que não conhece alguma família que perdeu alguém para a depressão.
Hoje, durante todo o dia, vi posts sobre o caso de depressão da Yasmin Gabrielle, menina de 17 anos que ficou famosa como assistente de palco do Raul Gil. O caso causou comoção na Internet durante toda esta segunda-feira. Temos a notícias sobre a Yasmim com muito espanto assim como quando temos a notícia de um membro de uma família que conhecemos e fez o mesmo. Não estendemos muito o assunto e ficamos assustados com a atitude das pessoas. No entanto, a causa tem relação direta com a depressão. Doença que também precisa ser entendida e também temos que parar de ter preconceito contra ela. O que precisamos fazer é tentar ajudar quem nos fala que está com depressão e, principalmente, quem nos fala que quer se matar.
Não sou médico, não tenho conhecimento o suficiente, mas tenho lido sobre o assunto. Prevenir o suicídio realmente é uma necessidade global, como aborda a Organização Mundial da Saúde. Acho que todo mundo conhece uma pessoa que já se suicidou ou conhece alguma família que perdeu alguém para a depressão.
É Muito triste assistir nossos jovens acabando com suas vidas. Infelizmente, ano após ano, os índices de suicídio têm aumentado no mundo. Em setembro passado, mês que marca as mobilizações contra o suicídio (Setembro Amarelo), a Organização Mundial de Saúde revelou que a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no planeta. O problema é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade.
Eu resolvi escrever este texto não só por conta da Yasmin, mas porque na semana passada, quando publiquei dois posts sobre depressão muitas pessoas me pediram para continuar abordando o assunto. Acredito que uma abordagem séria pode salvar vidas. Por isso, resolvi colocar algumas questões abaixo que encontrei em uma pesquisa breve que fiz aqui.
Estatísticas da Depressão
Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo. Em dez anos, de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%. E esse total, que representa cerca de 5% da população mundial, só deve aumentar com o tempo, fazendo com que a doença se torne a segunda maior preocupação em termos de saúde pública no planeta.
Quando nos voltamos ao Brasil, temos 5,8% da população sofrendo de depressão, ou seja, um total de 11,5 milhões de brasileiros. Ainda de acordo com a OMS, entre os países da América Latina, o Brasil é o que possui maior número de pessoas em depressão.
“São números assustadores e, ainda sim, nos deparamos com muito preconceito disseminado culturalmente. Por exemplo, é comum ouvir pessoas dizendo que depressão não é doença e, sim, frescura; que para ficar bom é só ter força de vontade; que para se ajudar tem que sair de casa; entre tantas outras falácias do mundo pós-moderno”, explica a psicóloga e neuropsicóloga Elaine Di Sarno.
Preconceito
Juntamente com a depressão, há uma série de outras doenças que também são estigmatizadas, mas figuram na classificação de doenças mentais, entre elas a esquizofrenia. Ou aquelas que se enquadram no grupo de transtornos do humor, como a distimia, que leva a pessoa a ficar em constante estado de mau humor, uma espécie de depressão crônica.
“São problemas que afetam toda a família, toda a sociedade. Quem tem um membro na família com algum tipo de transtorno mental, psicológico, comportamental, acaba sofrendo também. A depressão que antes atingia apenas um membro da família pode, posteriormente, atingir outros familiares, dada a complexidade para lidar com a questão”.
Tratamento
“A depressão já é a maior causa de piora da saúde e incapacitação no mundo, e está crescendo”, ressalta Teng Chei Tung, médico doutor em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com a OMS, apenas metade das pessoas com quadros depressivos trata a doença, seja com sessões de terapia – em casos considerados leves – ou com uso de medicamentos destinados à doença – em situações moderadas e graves.
Suicídio
O assunto é extremamente sério e precisa ser debatido, não adianta colocar a poeira sob o tapete. Só em 2015, segundo dados da OMS, quase 800 mil pessoas cometeram suicídio, o que representa 1,5% de todas as mortes no mundo e coloca o suicídio entre as 20 principais causas de morte no mundo.
Já, entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a segunda causa de morte em 2015.
No Brasil, os números são preocupantes: de 2007 a 2016, 106.374 pessoas morreram em decorrência do suicídio — em 2016, a taxa foi de 5,8 por 100 mil habitantes. De acordo com a publicação do Ministério da Saúde, a intoxicação é responsável por 18% das mortes, enquanto o enforcamento apresenta um índice de 60% dos óbitos. Do total de ocorrências, 70% das tentativas de suicídio por intoxicação aconteceram com mulheres.
Entendendo o suicídio – Saber, agir e prevenir.
O suicídio é um fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Mas o suicídio pode ser prevenido! Saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo a você pode ser o primeiro e mais importante passo. Por isso, fique atento(a) se a pessoa demonstra comportamento suicida e procure ajudá-la.
Sinais de alerta – Prevenção do suicídio
Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser considerados isoladamente. Não há uma “receita” para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo
O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas.
Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.
Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança.
As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos
Expressão de ideias ou de intenções suicidas.
Fiquem atentos para os comentários abaixo. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados:
“Vou desaparecer.”
“Vou deixar vocês em paz.”
“Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”
“É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
Isolamento
As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer.
Outros fatores
Exposição ao agrotóxico, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio. Sendo assim, devem ser levados em consideração se o indivíduo apresenta outros sinais de alerta para o suicídio.
Pedindo ajuda – Prevenção do suicídio
Pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida podem ser insuportáveis e pode ser muito difícil saber o que fazer e como superar esses sentimentos, mas existe ajuda disponível. É muito importante conversar com alguém que você confie. Não hesite em pedir ajuda, você pode precisar de alguém que te acompanhe e te auxilie a entrar em contato com os serviços de suporte.
Quando você pede ajuda, você tem o direito de:
- Ser respeitado e levado a sério;
- Ter o seu sofrimento levado em consideração;
- Falar em privacidade com as pessoas sobre você mesmo e sua situação; • Ser escutado;
- Ser encorajado a se recuperar.
Diante de uma pessoa sob risco de suicídio, o que se deve fazer?
- Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio.
- Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento.
- Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa
- Se a pessoa com quem você está preocupado(a) vive com você, assegure-se de que ele(a) não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.
- Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.
Onde buscar ajuda para prevenir o suicídio?
CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).
UPA 24H, SAMU 192, Proto Socorro; Hospitais
Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita)
Centro de Valorização da Vida – CVV
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias.
A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, são gratuitas a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.
Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.
Também é possível utilizar o atendimento por chat e e-mail disponível nos ícones abaixo.
Conheça os postos e horários de atendimento
Com informações da OMS, do Ministério da Saúde e do Estado de S. Paulo